quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Discurso de Marcelo para 2020


Discurso de Marcelo sem uma única palavra para a classe média. 



Quis o destino que Marcelo enviasse a sua mensagem de ano novo 2020 para todo o país, a partir da maravilhosa ilha do Corvo. Um gesto de humildade do Presidente com as poucas centenas de portugueses corvinos do ponto mais ocidental da Europa. Poderei fazer duas abordagens sobre esta escolha de Marcelo, ou é intuição ou premonição, e porquê? Vai parecer mirabolante, mas reparem que, é no Corvo que "termina" a Europa (presságio para o seu fim?), e por outro lado não querendo ofender a Ilha do Corvo e nem muito menos quem lá vive, não esqueçamos que o Corvo é uma ave que simboliza dentro de uma perspectiva mais mitológica, a morte, a solidão, o azar e o mau presságio. Por isso para aqueles que acreditam nestas coisas, se calhar pode ter algum significado, mas deixo esta interpretação para os mais vocacionados nesse ramo das ciências ocultas. 

Numa análise mais terrena, Marcelo fala de tudo para todos, desde a desertificação do interior, violência doméstica, alterações climáticas, imigração, etc, mas prefiro destacar os alertas das falhas do Governo nos pilares do Estado-Nação, a Defesa, as Forças de Segurança, a Saúde, a Justiça. Uma Defesa paupérrima em meios humanos e materiais, que remunera muito mal e muito mal equipada, o mesmo se poderá dizer das Forças de Segurança, em que muitos dos seus elementos tiveram uma atitude inteligente de se aproximarem a quem os ouve, neste caso o deputado André Ventura, líder do CHEGA, talvez como forma de pressionar o Governo. A Saúde sem investimento, ou com investimento anunciado em OE e que depois não é executado, muitos milhões, muita propaganda que depois revelam outra realidade, quando olhamos para a falta de profissionais, que fogem para o privado, falta de meios, falhas nos compromissos nas carreiras, etc. 

Outro sector é o da Justiça, que tarda ter reformas e que é descredibilizada diariamente pela opinião pública, sobretudo no que toca a critérios e penas, dando a entender que existe uma Justiça para ricos e poderosos e outra para fracos e pobres, a começar pelos estabelecimentos prisionais diferenciados conforme o estatuto social dos condenados, como é exemplo o Estabelecimento Prisional de Évora. 

Na Justiça ainda há que não esquecer os casos mediáticos que envolvem figuras públicas que continuam a gozar de uma completa e incompreensível impunidade (J.Sócrates, Ricardo Salgado, ex-Administradores do BANIF, ex-Administradores da CGD, J.Berardo, Zeinal Bava, M.Pinho, etc, etc), a corrupção generalizada que lesa o Estado, o nepotismo com familiares de políticos, a insegurança nos bairros das periferias dos centros urbanos, etc, e que acabam por ser no meu entender os principais catalisadores de alguma "radicalização" da classe média, do centro-direita, juntando ainda toda a inacção e falta de políticas de apoio a esta classe que é o fulcro da sociedade. Não admira que as opções da classe média centro-direita estejam a contribuir para a subida do CHEGA nas sondagens, com a consequente queda dos partidos tradicionais da direitinha inócua, mais parece oposição controlada. 

Mas é a classe média que mais uma vez é esquecida pelo Presidente, tal como de resto é esquecida por todos os políticos com funções e responsabilidades públicas. No OE não há uma única medida ou linha politica dirigida à classe média. Dez anos depois de tanta "pancada" a esta classe, que foi a única que salvou os Bancos, engordou e continua a engordar os cofres do Estado com a elevadíssima carga fiscal e não esquecendo os cortes nos rendimentos, também responsável por manter o consumo interno acima da linha de água, bem como a existência de poupança das famílias, ainda que muito baixa. Nem este Presidente, nem este Governo, nem esta classe de Políticos nada têm a dar a classe média? Quantas famílias perderam a Habitação e tiveram de pedir ajuda aos pais e outros familiares? Quantas famílias da classe média com filhos continuam sem ter abono de família? Já quantificaram a carga fiscal, despesas com habitação, educação e saúde de qualquer família da classe média? E a perda de poder compra, salários estagnados há mais de uma década, em contraste com as subidas constantes do salário mínimo? Querem empobrecer a classe média? 

Pergunto eu por quanto mais tempo vamos ser nós a sustentar tudo o resto? Por quanto mais tempo vamos levar "pancada"? 



Bom Ano 2020

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